terça-feira, 5 de abril de 2011

A expressão de uma época

Expressionismo alemão: vertente que mudou pra sempre a história do cinema

Por Isabela Zamboni


O cinema expressionista alemão pode ser definido como: ligação com o gótico, efeitos dramáticos de luz e sombra e vilões com poderes sobrenaturais. Com essas características marcantes, essa vertente do cinema derivou da corrente expressionista e foi um marco para a história das artes cinematográficas.

Histórico

A Alemanha começou a apoiar a indústria cinematográfica entre os anos de 1919-1926.  Os alemães precisavam produzir filmes de guerra para manter a moral da população e dar respostas à ofensiva cinematográfica mundial. A guerra era impopular entre muitos alemães e as tendências rebeldes aumentaram desde o sucesso da Revolução Russa de 1917.  Com este propósito, surgiu na Alemanha a UFA (Universum Film Aktiengesellchaft),companhia que passou a centralizar a produção, distribuição e exibição de filmes no país. Em setembro de 1919, “Madame Dubarry”, de Ernest Lubitsch, uma história sobre a Revolução Francesa, inaugurava o magnífico Cine Palatz da UFA em Berlim. Este filme contribuiu para colocar o país de volta ao mercado cinematográfico mundial.  

Corrente expressionista

Como movimento de vanguarda, o expressionismo havia sido importante primeiro na pintura e foi adotado também no teatro e logo na literatura e arquitetura. O estilo expressionista é uma linguagem expressiva, com tendência à abstração, valorizando a arte e os sentimentos mais profundos, se opondo à racionalidade. O movimento pode ser descrito como a arte pura dos sentimentos. No cinema, as formas estão distorcidas e exageradas, de forma pouco realista. Os atores, em geral, usam muita maquiagem e se movem de forma lenta. Os personagens não existem simplesmente dentro de um cenário, mas constituem elementos visuais no interior do cenário.

Filmes importantes

Os filmes mais conhecidos que marcam esse movimento foram do gênero terror. Em 1920, surge "O Gabinete do Dr. Caligari", filme que foi aclamado por todos. "O Gabinete do Doutor Caligari", foi como uma pintura expressionista em movimento. O longa depende muito da direção, e a estilização expressionista funciona para transmitir o ponto de vista distorcido de um louco.

O Gabinete do Dr. Caligari

"Caligari" é uma história recorrente na cultura alemã. Trata de rivalidades, figuras paternas muito poderosas, mães ausentes, mulheres frágeis e objetos de desejos inalcançáveis. O filme está disponível na internet. Veja:


Mais tarde, quando o expressionismo já era mais aceito pelo público, os cineastas pararam de se basear no ponto de vista de personagens perturbadas. O expressionismo começou a funcionar como histórias fantásticas e de terror, como por exemplo os filmes "Nosferatu" e "O Gabinete das Figuras de Cera".



Fim do movimento expressionista

O fim do movimento foi em 1927, com os grandes filmes "Fausto" e "Metrópolis". Esses filmes foram caros para produzir, deixando o cinema em dificuldades financeiras. Quase todos os diretores alemães abandonaram tudo e foram tentar fazer sucesso em Hollywood, deixando para trás o cinema expressionista.

Mesmo que tenha se extinguido, uma certa tendência “expressionista” se manteve em muitos dos filmes alemães do final dos anos 20, e incluindo os filmes dos anos 30 como "O Vampiro de Dusseldorf" e "O Testamento do Dr. Mabuse".

Vampiro de Dusseldorf

“Nosferatu é um clássico. É a origem de todos os filmes de vampiros. Apesar dos ‘efeitos especiais’ serem quase cômicos hoje em dia, é um vampiro muito mais ‘real’ o que os que a gente vê em ‘Crepúsculo’”, diz Mariana Thomaz, estudante de jornalismo e espectadora de filmes do gênero.

Ela também comenta sobre os principais aspectos dos filmes alemães. "O que eu mais gosto nos filmes é como eles conseguiam expressar o sentimento de uma época, no caso, a guerra, as mortes e a tragédia. Os diretores criam um movimento de fuga, que são as imagens fantasiosas, o enredo fantástico, mas, ao mesmo tempo, evidenciam a realidade", diz.

O cinema hollywoodiano também mostrou tendências dessa vanguarda, como o longa "O Filho de Frankenstein", de 1933.  Ainda que o movimento alemão durasse somente 7 anos, o expressionismo nunca desapareceu como tendência estilística cinematográfica. O aclamado diretor Alfred Hitchcock utilizou em seus filmes vários aspectos da vertente expressionista. Mariana também cita outros diretores: "Outro ponto, é como essa corrente conseguiu influenciar outros diretores, como Ed Wood, José Mojica Marins (Zé do Caixão) e até Tim Burton", conta.


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